2 de junho de 2010

Grito


Grito mas já nem eu ouço. Grito para dentro de mim. A cabeça não pára. São tantas coisas a correr de um lado para o outro que se tornam incontroláveis. As certezas começam a esmorecer e até a que me mantém em pé abana.
Tantas coisas a correr de um lado para outro... Muitas delas deviam estar sempre quietas para me esquecer que existem. E grito outra vez.
Não é a cabeça que incomoda agora. É outro órgão. Desta vez fico calada, já não consigo gritar. Fico eu quieta. As coisas já podem correr todas de um lado para o outro, como lhes apetecer. Nem tento controla-las. Rendi-me. Agora assisto. Sou um peso morto. O outro órgão petrificou-me.
E que tudo seja como tem de ser, que é como quem diz, Ámen.

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