Contam-se pelos dedos, ou nem se contam, os políticos que já tiveram de fazer contas à vida para tentar pagar todas as suas despesas e manter um nível de vida aceitável e, por isso, não têm a noção do que isso é. Não compreendem as dificuldades nem o sofrimento de quem trabalha, de quem contribui para o desenvolvimento da economia, mas depois tem de calar a enorme frustração de não conseguir gerir a sua própria vida.
Gostava de ver os Senhores deputados a ter de optar por sardinhas para o jantar quando o que queriam comer era salmão. Gostava de os ver comer só carne de porco e frango, quando lhe apetecia um bife de vaca ou um cabrito assado. Eles não têm noção que estas escolhas estão presentes no dia-a-dia de quase todos os portugueses.
Quando pedem mais espírito de sacrifício aos portugueses, não se imaginam, eles próprios, a ter de vender o carro, que para muitos é um instrumento de trabalho, porque não conseguem pagar o seguro, o combustível e a prestação.
Quando lhe sugerem que façam poupanças, não imaginam que o dinheiro quase não lhes chega para pagar as despesas da casa, dos filhos, da escola. Não sabem o que é querer levar o filho a um médico especialista, mas não poder, porque não têm dinheiro para a consulta. Não sabem o que é sentir-se encurralados, sufocados e não ver nenhuma luz ao fundo do túnel.
Não sabem e ainda bem. Não desejamos essa sorte a toda a gente. Não sabem, mas falam como se soubessem. Falam como se ainda fossem um exemplo a seguir. O Senhor Presidente da República assim fala. E qualquer português seguiria o seu exemplo, todo contente.
De facto com os rendimentos que o Senhor Presidente da República tem, e teve ao longo da sua vida, só se fosse muito desgovernado é que não conseguia fazer "poupanças".
Eu não peço aos Senhores deputados para passarem pelas dificuldades acima inumeradas. Peço-lhes apenas que sejam sensatos e poupem o nosso dinheiro. Sejam conscientes e abdiquem de carros topo de gama, não aldrabem para receber ajudas de custo de que não precisam e façam o vosso trabalho. A avaliação de desempenho devia chegar ao parlamento. Tantos deputados para quê?
As rendas dos imóveis que a Ministra da Justiça quer renegociar (e bem), os "concursos" públicos com critérios incompreensíveis e escolhas inacreditáveis, as lista de materiais com preços absurdos, como as da Segurança Social que foram tornadas públicas pela SIC, os infindáveis "não é por isto que o Estado vai ficar pobre", foram o grão a grão que esvaziaram o papo da nossa galinha! E agora tiram o grão às famílias que precisam verdadeiramente dele.
Não gozem connosco. Temos estado quietos, mas um dia isto há-de acabar. Não brinquem com as nossas vidas muito menos com o futuro dos nossos filhos. Estou farta de ver quem trabalha a ser prejudicado e quem não faz nada, porque não quer, a receber RSI's altíssimos e a passear de Mercedes. Estou farta de ver quem realmente precisa a não receber ajuda nenhuma.
-Reduzam o número de deputados;
-Cortem nas vossas regalias;
-Averigúem a real situação das pessoas que recebem subsídios (o que não tem de ser cortar de imediato e esperar que as pessoas se queixem, depois de passar meses literalmente à rasca);
-Sejam verdadeiros gestores e façam com que as entidades públicas passem a ser auto-sustentáveis;
-Poupem o nosso dinheiro!
Estou completamente farta.