6 de novembro de 2020

𝐒𝐞 𝐚 𝐬𝐮𝐚 𝐒𝐚ú𝐝𝐞 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐧𝐜𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐧ã𝐨 𝐟𝐨𝐢 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐚𝐝𝐚, 𝐥𝐞𝐦𝐛𝐫𝐞-𝐬𝐞: 𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐍Ã𝐎 É 𝐀𝐋𝐓𝐔𝐑𝐀 𝐃𝐄 𝐏𝐎𝐔𝐏𝐀𝐑.





O SNS precisa do esforço de cada um nós, e a economia precisa do consumo de quem não tem a sua saúde financeira comprometida.

𝐒𝐞𝐫𝐯𝐢ç𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐫𝐞𝐬𝐭𝐚𝐮𝐫𝐚çã𝐨 – 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐦𝐞𝐧𝐝𝐞!
Com o recolher domiciliário, com as limitações ao contacto social, os restaurantes, pastelarias e cafés vão sofrer um enorme impacto, não há como dourar a pílula. Mas há formas de minimizar. Não se sentem seguros num café e/ou restaurante? Encomendem para comer em casa. Se tinham o hábito de jantar fora de vez em quando, de tomar o pequeno-almoço fora ao domingo, encomendem. Vai saber muito bem! Mesmo que não tenham esse hábito, se puderem, encomendem.
Como é óbvio, espera-se algum trabalho por parte dos restaurantes, pastelarias e cafés que querem fazer frente a esta crise. Espera-se que se adaptem, que adiram a serviços de entrega, que deem a conhecer a sua oferta nas redes sociais, que criem formas que simplifiquem a entrega em casa. 

𝐏𝐫𝐞𝐧𝐝𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐍𝐚𝐭𝐚𝐥 – 𝐚𝐮𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞!
Estamos perto do Natal. As prendas são sempre um grande encargo. Dizemos sempre que temos de encurtar a lista de pessoas e reduzir o valor de cada prenda. Mas, novamente, se a sua saúde financeira não foi afetada, não faça nada disto este ano. Aliás, se possível, aumente a lista. Perca mais tempo a escolher os locais e as prendas para tentar apoiar o comércio local. Compre com a consciência de que está a fazer a diferença para que essas lojas mantenham as suas portas abertas, porque quando isto passar, vai querer voltar. Também o comércio local se deve adaptar por forma a facilitar a encomendas dos seus clientes, que precisam de conhecer a sua oferta, sem ter de estar fisicamente na loja.
Da mesma forma que a luta nacional contra o COVID-19 precisa do esforço individual para uma vitória coletiva, também a economia precisa do esforço de quem ainda pode para fazer a diferença na vida dos comerciantes. 𝐄𝐬𝐭𝐚 𝐭𝐚𝐦𝐛é𝐦 é 𝐮𝐦𝐚 𝐥𝐮𝐭𝐚 𝐧𝐚𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥.

4 de março de 2020

Que a dor da guerra seja contagiosa

Gostava que a dor de quem perde tudo fosse contagiosa.

Eu queria que o pânico do som das bombas, e o pó que se levanta quando as paredes caem, se propagassem até aqui. Gostava que o medo e a incerteza de quem não sabe se há um amanhã, de quem sobrevive em vez de viver, acompanhassem as andorinhas que vêm pousar nas árvores dos nossos jardins.

Gostava que o choro e os gritos de quem desespera em alto mar, nos campos de refugiados, ou no meio da guerra, fossem ouvidos por todos nós, quando fechamos os olhos para dormir. Eu queria que a angústia que os pais sentem ao tentar levar os seus filhos para um lugar onde a probabilidade de morrer é ligeiramente menor, nos invadisse o coração a cada onda que rebenta na praia.

Gostava que pudéssemos sentir a fome só por olhar para quem realmente a sente. Eu queria que todos nós soubéssemos que só tivemos sorte por ter nascido noutro lugar. Eu queria que ninguém se esquecesse que não há vidas mais valiosas do que outras.

Ai que bom seria se tudo isto fosse contagioso! Era a certeza de que ninguém descansaria até haver uma solução. O medo que algo nos toque supera tudo.

Por isso, que tudo isto seja contagioso.

20 de dezembro de 2018

Grindelwald

Continuo presa aos baloiços que já não existem. Continuo a adorar sentar-me na casinha de madeira que provavelmente se transformou em lenha. Continuo a adorar o parque em frente à Coop. Continuo a orgulhar-me por ter conseguido, ainda que por breves minutos, andar de patins no gelo, e até da dor no rabo ao cair na placa gelada tenho recordações. Continuo a sentir o cheiro das árvores na montanha e continuo a sentir frio ao recordar o gelo azul. Tento recuperar todos os cantos e recantos descobertos e perco-me entre a realidade distante em espaço e em tempo e a minha imaginação. Já não consigo distinguir. Recordo a melhor prenda que alguma vez recebi. O embrulho mais perfeito de que me lembro, com o objeto mais simples (um porta-lápis) que talvez já me tenham dado. O mais inesperado e, talvez por isso, o melhor.

Lembro-me do morcego no corredor que todos achavam ser de brincar, mas não era. Lembro-me das bebidas entre a janela e a portada porque não havia mais onde as guardar. Lembro-me da música do Super Mário na Nintendo enquanto o meu pai e o meu irmão jogavam. Lembro-me dos meus penteados feitos pela minha querida Rosário e da forma como ela sempre me fez sentir especial e da vontade que eu tinha de me sentir assim para sempre. Lembro-me do Rui, do lado de fora do nosso quarto e lembro-me de sairmos para ir para o parque brincar. Não me lembro que saíamos pela janela e que isso era considerado fugir. Lembro-me do cheiro da lavandaria do hotel Spinne, enquanto as toalhas e os lençóis estavam a engomar. Lembro-me do piano junto à lavandaria. Lembro-me da bata e do crachá da minha mãe. Lembro-me do fato de cozinheiro do meu pai com o Mickey bordado. Lembro-me de dois quartos e uma casa, e dessa casa lembro-me da varanda onde tínhamos uma piscina - que nem sei como lá cabia - e dos bonecos bebés que saíam nas batatas fritas. Também me lembro da cozinha e das canecas que lá tínhamos e que ainda hoje procuro por serem um clássico. Lembro-me das caminhadas e de aprender a andar de bicicleta. Lembro-me das idas a Interlaken e de comermos frango assado num banco de jardim junto ao lago e de dar pão aos patos. Lembro-me dos origamis que os japoneses deixavam de gorjeta à minha mãe. Lembro-me dos iogurtes de baunilha, os únicos que comia, porque todos os outros tinham pedaços.

Há muitos anos que não vou lá. Antes ainda regressava durante a noite, em sonhos que me deixavam viver tudo outra vez. Hoje recordei acordada a emoção que sentia no peito sempre que começava a subir até Grindelwald e as recordações começavam a surgir em catadupa. Que todas as crianças tenham o seu lugar mágico ao qual possam voltar sempre que precisem, durante toda a sua vida, ainda que essa viagem seja feita apenas através de memórias. Sentir saudades da infância é reconhecer que se foi feliz nas coisas mais simples da vida.

A subida https://youtu.be/VWcJbayKKhc

31 de janeiro de 2014

Eu era a caloira "Pim"

Eu andei na praxe durante algum tempo. Ninguém me obrigou a lá andar. Fui, como vim, pelo meu próprio pé. Chamaram-me, é certo, e eu fui porque quis. Odiei os primeiros dias, mas continuei a ir. Não sabia bem porquê, mas ia. Era esgotante, era irritante passar o tempo a olhar para o chão, era, muitas vezes, frustrante. Mas houve outras vezes em que era divertido.
Eu não conhecia os outros caloiros. Nenhum. Mas isso não nos impediu de rapidamente trabalharmos em equipa quando assim era necessário, nem nos fazia olhar de lado para ninguém, nem julgar quem quer que fosse pelo que era acessório. Em praxe, sem sabermos quem éramos, éramos unidos.
Quando atingi o meu limite, vim-me embora. Lembro-me de uns dias piores que outros e, assim que para mim passaram todos a ser maus, desisti. Falaram comigo. Tentaram convencer-me a ficar. Lembro-me de ouvir o veterano dizer-me "Sónia, olha para mim, quero conversar contigo, não precisas estar a olhar para o chão", e conversamos. Eu estava decidida e ele compreendeu e respeitou. Outros "doutores" vieram falar comigo fora da praxe, a tentar convencer-me a voltar (mas sem pressões). Eu não voltei. 
Durante uns dias, sentia-me mal sempre que via os meus colegas a serem praxados sem mim. Sentia que os tinha abandonado. E percebi uma parte de tudo aquilo.

Eu estaria do lado de todos os que querem acabar com a praxe, se alguém fosse obrigado a andar na praxe. Mas não é. Só vai quem quer. Sim, só vai quem quer, não venham com a conversa de pressões, porque estamos a falar de pessoas que se estão a preparar para a vida, é bom que saibam lidar com as pressões.
Anormais há em todo o lado. Pode haver na praxe como noutro grupo de outra coisa qualquer. Acidentes podem haver nas mais variadíssimas situações. Por isso, também podem haver em praxe. Mas isso é uma opção de cada um. Ou aquilo a que se chama liberdade.

As reacções anti-praxe mais acesas que vejo nas redes sociais são algo estranhas, por virem de quem vêm. São as pessoas que se dizem mais liberais que se revelam as mais radicais.Os mesmos que são a favor, por exemplo, da legalização das drogas leves porque, desde que devidamente informadas a respeito dos malefícios das mesmas, as pessoas têm o direito de fazer as suas opções, dizem que a praxe devia ser proibida. Mas então o mesmo argumento não se aplica? Eu diria que isso é, no mínimo, incoerente. Porquê essa incoerência? Porque, se calhar, não são tão tolerantes quanto se acham.

3 de janeiro de 2014

Casa dos Segredos

Quero pedir desculpa aos fãs da Casa dos Segredos pela minha intolerância.
Não, não acho que todas as pessoas que vêem esse tipo de programas são parvas, ou com QI reduzido ou desinteressantes. Não acho mesmo. Não acho porque conheço pessoas inteligentes e interessantes que vêem a Casa dos Segredos. Mas lá está, até os génios fizeram más opções nas suas vidas... "Pronto, lá está ela outra vez!" Não estou nada. Quero apenas explicar a minha repugnância por esse tipo de programas sem ser mal interpretada.

Não tem apenas que ver com a falta de conteúdo relevante no programa ou com a minha falta de interesse por ver um monte de gente dentro de uma casa, tem acima de tudo a ver com a falta de princípios. E não estou a dizer que quem vê não tem princípios, não é isso. A curiosidade faz parte da natureza humana e é um facto que aquelas pessoas se põem voluntariamente a jeito para que lhes vasculhem a vida. Eu estou a falar da gente que produz e emite aquele tipo de programas. Aquela gente sabe que vai usar pessoas de verdade como se fossem bonecos; aquela gente sabe que vai passar conteúdos inapropriados e acessíveis às crianças; aquela gente sabe que há pais que não têm a inteligência de vedar aquele tipo de conteúdos aos filhos; aquela gente sabe que vai passar ao país uma ideia transfigurada de si próprio; àquela gente não interessa o futuro daquelas pessoas, mas apenas como o seu presente e passado podem contribuir para o aumento das audiências; àquela gente não interessa que todo o passado e todos os familiares dos concorrentes seja arrastado pelas revistas e pelas televisões (deixando uma gosma que me dá vómitos), àquela gente só interessa o dinheiro que todo aquele circo vai gerar. O dinheiro não pode justificar tudo.

Compreendo que haja pessoas que conseguem ficar indiferentes a tudo isto. Eu não. Não consigo pactuar com a mesquinhez, o interesse desmedido e inconsequente que alguma gente tem. Não consigo dar valor a pessoas que, com certeza até terão valor, mas se querem dar a conhecer sem valor nenhum. Não consigo assistir a vidas reais serem ultrajadas, mesmo que tenham noção daquilo a que se propuseram. Há limites. E esse tipo de programas ultrapassa os meus em largos quilómetros.
Portugal não é aquilo e mesmo aquelas pessoas não são aquilo. Aquelas pessoas também têm pais e mães e eventualmente filhos, e incomoda-me vê-los como objectos. Peço-vos desculpa, eu compreendo que seja um programa de entretenimento e gabo-vos a capacidade de se abstraírem de toda a máquina que está por detrás do que aparece no ecrã e divertirem-se com aquilo, mas eu não consigo. Gostava de me conseguir rir e deixar de ser uma ovelha tresmalhada que se arma em parva e não quer ver, mas já tentei... Já tentei e não consigo.

25 de novembro de 2013

Sou menina de colégio. Há problema?

Andei num colégio privado católico - o Colégio de São Gonçalo, em Amarante - desde os 4 até aos 18 de idade. E agradecia que parassem de me tentar fazer sentir mal por isso.
Só conheci a realidade do ensino público quando entrei na faculdade. E o que posso dizer é que, se naquele momento o meu querido colégio tivesse Ensino Superior, tinha regressado a correr.

Até aos 18 anos o que eu conhecia das escolas públicas era o que as minhas amigas que lá andavam diziam. Lembro-me de falar com elas sobre a escola e perguntar que trabalhos estavam a fazer em Educação Visual e Tecnológica e de uma delas me responder que não tinha tido a disciplina porque a Professora não tinha vindo no 1º período (todo). Lembro-me de no início do ano falarmos sobre os livros e de me dizerem várias vezes que ainda não tinham pegado nos livros do ano lectivo em curso porque ainda estavam a dar a matéria do ano anterior. Lembro-me de que as aulas no meu colégio começavam antes e acabavam depois das aulas da escola pública. O que para mim era uma chatice.
Lembro-me de ter tido uma Professora de Educação Física que iria faltar às duas primeiras aulas do 1º Período por estar de licença de maternidade e de que foi contratado um professor substituto por causa dessas duas aulas. Lembro-me de ter aulas das 9h às 17h. O horário podia mudar de ano para ano, mas todos tinham o mesmo. A hora de almoço era igual para todos. E as horas livres, por norma, eram passadas dentro da escola.
Lembro-me de ver, várias vezes, "o pessoal do ciclo e da secundária" pelos "lados do colégio" porque os professores deles estavam em greve. E nós nunca tínhamos essa sorte. Lembro-me dos alertas dos professores, das conversas dos professores quando notavam que algo não estava bem. Lembro-me do "tu és capaz de mais, tens de fazer mais" que substituía o "se não quiserem aprender o problema é vosso, não é meu".
Lembro-me de ter a mesma turma, mais um, menos um, desde o infantário até ao 9º ano. Deixei de fazer mais amigos? Não. Fiz amigos para a vida toda e não para aqueles anos. Amigos não, irmãos.
Lembro-me de não querer estudar e de os professores não desistirem de mim. Lembro-me dos desafios para ser melhor, porque aqueles professores eram Professores que formavam pessoas. Tenho professores naquele colégio que nem o foram no sentido prático. Na minha memória foram meus professores, mas o facto é que nunca me chegaram a dar aulas. Mesmo assim, de uma maneira ou outra, cruzaram o meu caminho e marcaram quem sou. Lembro-me de tantos momentos, tantas conversas que me ajudaram a fazer escolhas. Alertas e preocupações que passariam despercebidas por tantos. Mas ali não. Ali não se desistia das pessoas, tentava-se uma e outra vez.
Aquele colégio era a minha casa. Cresci a sentir que eu importava, cresci a sentir que podia marcar a diferença e que tentar vale sempre a pena. Vi a preocupação e a alegria dos professores na despedida para a faculdade. Foi a despedida de uma enorme família e de uma grande casa.
Quando cheguei à faculdade senti que não era nada. Eu era um número. Nenhum daqueles professores estava minimamente preocupado comigo, nem com nenhum dos meus colegas. Sim, foi um choque com a realidade. Se era preciso? Não sei. Estaria melhor preparada se tivesse andado sempre na escola pública? Habituada sim, preparada não. Se não tivesse andado no colégio não saberia da mesma forma o que são laços para a vida para além dos de sangue. Não sentiria da mesma forma que houve alguém que um dia acreditou muito em mim e que continua a esperar o melhor de mim.
Eu sei que também há professores de verdade no ensino público. Mas não me convencem de que é a mesma coisa. E seria o ensino público melhor se eu e os outros alunos que recebiam subsídio para andar no colégio tivéssemos aumentado as turmas do ensino público? Haverá capacidade e condições nas escolas públicas para receber esse enorme acréscimo de alunos?

 E agora lembro-me que descanso seria para mim se aquele colégio também pudesse ser a casa do meu filho.

15 de agosto de 2013

Queiram tudo comigo

Eu não sei que amor é este que me liga irremediavelmente a esta Terra. Não encontro argumentos racionais suficientemente fortes para justificar esta necessidade, esta dependência desta Terra. Eu não sei o que é, mas sei que existe, porque eu sinto-a. Sim, o amor que se tem a esta terra é quase uma religião.
Quando quis crescer mais um pouco – quando quis continuar a estudar – esta Terra obrigou-me a deixa-la. Mas sempre que vinha a casa, sempre que a autoestrada começava a mostrar as placas com o seu nome e sempre que via os quilómetros de distância a diminuir, eu começava a respirar melhor. Nessa altura, acreditava eu que estava a colher noutro sítio conhecimentos que poderia aplicar aqui, conhecimento que poderia pôr ao dispor da minha cidade. Eu e todos os jovens que, como eu, tiveram de sair para estudar, iríamos voltar e fazer Amarante avançar de forma consciente, assente no conhecimento das suas gentes, sem medos, sem interesses, mas com muito Amor. Não voltei. Nem eu, nem muitos dos que, como eu, saíram para estudar.
 
Quando chegou a hora de arranjar emprego, Amarante manteve-me lá fora. E assim passaram sete anos desde que deixei Amarante temporariamente. Muitos dos que, como eu, a deixaram, não planeiam já voltar. Perguntam-me: “para quê?”, e eu não sei dar uma resposta plausível. Eu moro numa cidade que tem todos os serviços, todas as condições e algumas oportunidades, mas só sonho com o dia em que poderei ter o código postal de Amarante como meu novamente. Amarante, esta Terra que muitos descrevem como boa para passar a reforma, como uma cidade sem oportunidades, sem juventude, sem futuro e, mesmo assim, eu não consigo desejar o meu futuro noutra cidade. Porque nenhuma outra é a minha. Amarante… este nome lindo, que, ao dizê-lo, parece não terminar. Amarante… 
 
Sonho com a tranquilidade para mim, sonho poder levar o meu filho a andar de bicicleta na ecopista e absorver todo aquele verde, respirar este ar puro. Sonho com as ruas sem trânsito, sonho com os cafés à beira-rio. Sonho com a oportunidade de poder contribuir com algo para o crescimento da minha cidade. Porque, por mais tempo que passe, por mais cidades que cruze, nenhuma delas é a minha. Eu sou o que sou porque cresci aqui e não noutro lugar. Eu sou o que sou porque foram estas paisagens, estas ruas e estas pessoas que me rodearam. A esperança não morreu, nem a minha vontade e de muitos outros apaixonados por esta Terra. Com todo o potencial que a nossa cidade tem, podemos, e devemos, criar as oportunidades. E cada um de nós deve dar o seu melhor para agradecer o que esta cidade já fez por nós, e criar todas as condições para que possa fazer muito mais e muito melhor por muitos mais. 
 
O Amor faz-me querer mais para minha Terra. O amor faz-me desejar para Amarante tudo o que ela merece e tudo o que a sua gente merece. O amor não nos venda os olhos e faz dizer que está tudo bem. O amor não nos faz conformar com o que está à nossa frente. A verdadeira paixão faz-nos querer tudo. E eu quero tudo a que Amarante tem direito. E quero poder viver nesta terra que agora é linda e que, um dia, poderá ser fantástica.

Não façam vista grossa. Queiram tudo comigo.