11 de março de 2013

O Queridinho

Quando a distância começou a ser menos pesada, quando comecei a conseguir prender o desespero de os ver partir, nasceste tu. Achava eu que não podia haver maior vazio, dor mais dilacerante do que os ver partir sozinhos, mas vê-los partir contigo era simplesmente insuportável. Eles que me perdoem, mas só queria saber de ti. Era do meu pequenino que tinha saudades.
Quando via um bebé na rua, imaginava como já devias ter crescido. Pensava nas gargalhadas, nas brincadeiras, nas traquinices que estava a perder.  Quando nos reencontrávamos, custava ver que não percebias que ali estavam os teus irmãos. Era uma reconquista constante. Eram reencontros maravilhosos que me enchiam o coração e eu não queria voltar a esvaziá-lo. Mas essa hora chegava sempre.
Tu não tens noção, pelo menos para já, do amor que te temos. Tu eras mais do que o nosso irmão. Eras a nossa união. A saudade passou a ter o teu rosto.
Olhava para ti bebezinho e imaginava como serias quando tivesses a idade que hoje tens. Imaginava-te mais ao menos como hoje és.
Quando chegou a tua vez de ficar também, já nem pensava na partida deles porque só conseguia pensar em como transformar os teus dias mais alegres, menos sofridos. As noites passaram a ser mais curtas, as tarefas, preocupações e responsabilidades mais longas, mas ver-te a crescer e a sorrir compensava tudo.

Hoje, nos meus sonhos, o teu rosto e o do Dinis aparecem misturados. Não és meu irmão desde sempre, houve muitas coisas que não partilhaste connosco, mas és o nosso menino e, por algum motivo, todos sofremos muito mais com a tua ausência. 
Cresce e mostra porque sempre te amamos tanto. Mostra que todos já sabíamos que irias ser um Grande homem, com um coração gigante.