4 de abril de 2012

Agora é medo.

Há pessoas que têm um enorme medo de morrer. Pessoas que se arrepiam só de pensar nessa possibilidade mais do que inevitável. A maioria das pessoas tem esse medo, mas eu não tinha.
Não tinha porque eu achava que estava pronta para morrer. Não porque não tivesse planos ou sonhos ou objectivos, não era nada disso. Tinha-os, sempre os tive e não eram poucos. Mas não tinha medo da morte porque, todos os dias, fazia o que achava correcto, o que a minha consciência me aconselhava e deixava-a sossegada.
Por isso, eu estava preparada para morrer a qualquer momento. Deixaria muitos planos suspensos, muitos sonhos por concretizar, muitos sorrisos e gargalhadas por dar, mas não levaria pesos na consciência.

Mas o medo chegou. O meu medo chegou contigo. O meu medo chegou com a responsabilidade que tenho pela tua existência. A tua dependência prende-me a este mundo e aterroriza-me a possibilidade de teres de trilhar todos estes mistérios sem mim. A minha missão és tu. Eu tenho de te guiar, de te iluminar, de te proteger. E é o que eu mais quero. Os meus sonhos não morreram quando tu nasceste, apenas alteraste as minhas prioridades e penso nisso a sorrir.
É aterrorizador o medo que sinto de poder ser privada de te ver crescer, de passar um dia sem ver esse sorriso maravilhoso. Fico aterrorizada com a possibilidade de não poder partilhar contigo os valores que gostava que tivesses sempre presentes na tua vida, a possibilidade de não te mostrar como amar incondicionalmente e de te fazer sentir a pessoa mais amada neste mundo.
Tenho medo que cresças sem mim. Não é por ser extraordinária ou melhor do que alguém, é por ser tua mãe. As mães são insubstituíveis.
Não olho para ti como outro Ser. Não consigo. Mas não te vejo como um pedaço de mim. Vejo-me como um pedaço de ti.

Afinal não posso dizer que conheço o Amor Supremo. Não posso porque a cada dia que passa eu amo-te ainda mais. Os sorrisos, as gargalhadas, as palminhas, o palrar, os passinhos, todas as tuas brincadeiras fazem crescer o Amor que considerava ser o Supremo. Dia após dia esse Amor cresce de forma incontrolável. E essa falta de controlo assusta-me. Jamais conseguirei espartilhar isto. Eu quero que este Amor te acompanhe para o resto da vida. Eu quero continuar a ser o teu escudo.
Agora tenho medo de morrer.