18 de junho de 2012

Temos tanto


(Não quero generalizar, não digo que não tenhamos a outra parte, digo apenas que também temos esta, e em grande número)

Temos crianças mal-educadas. 
Temos pais que se desresponsabilizam da má-educação dos filhos e tiram satisfações com os professores.
Temos professores que não se interessam pelo futuro dos alunos e olham para a profissão como uma forma de ganhar dinheiro e não de educar, de instruir pessoas. Há até os que comentam “eu não estou para me chatear, se não quiserem aprender o problema é deles”. 
Temos directores das escolas que querem acreditar que está tudo bem porque procurar o problema dá trabalho.
Temos políticos corruptos, temos representantes dos maiores grupos económicos corruptos. 
Temos concursos públicos corrompidos, parcerias sujas e acordos manhosos. 
Temos desportistas, árbitros e dirigentes corruptos.
Temos uma crescente taxa de criminalidade violenta. 
Temos a falta de respeito e de reconhecimento pela autoridade das forças policiais. 
Mas depois também temos os polícias corruptos e criminosos.
Temos os futuros juízes a copiar no exame da Ordem, temos todos os estudantes a copiar nos exames, mesmo os que um dia vão ter as nossas vidas nas suas mãos.
Temos funcionários públicos que tratam os utentes como se lhes tivessem a fazer um favor, como se só os tivessem a estorvar. 
Temos desempregados que não estão desempregados e ganham dois ordenados. 
Temos desempregados que estão desempregados porque não querem trabalhar.
Temos fiscais que deveriam verificar a veracidade das necessidades das pessoas, mas que têm medo ou acabam corrompidos.
Temos pessoas que não têm emprego porque não têm experiência. 
Temos pessoas que não têm emprego porque têm mais de 40 anos.
Temos pessoas que precisam dos subsídios da Segurança Social para viver. 
Temos uma Segurança Social que se engana muito e não informa os cortes dos subsídios.
Temos patrões que preferem comprar Mercedes a pagar o ordenado aos funcionários.
Temos funcionários que não sabem reconhecer o esforço dos patrões quando as coisas correm mal.
Temos dirigentes que não sabem o que é trabalhar, que não sabem o que é começar de baixo e evoluir por mérito na carreira, a mandar-nos trabalhar e merecer o nosso lugar.
Temos políticos a deitar as culpas uns aos outros por isto estar como está...

Há um problema transversal a tudo isto. O problema não é o que temos, mas antes aquilo que não temos: valores! Nesta terra já não há valores morais. A honra, a honestidade, a dignidade e o respeito acabarão por cair em desuso e desconfio que no próximo acordo ortográfico acabem mesmo banidos do dicionário português.

Isto resolve-se se fizerem questão de reavivar os valores morais, se fizerem questão de os pôr em prática todos os dias e se fizerem com que sejam exemplo para os vossos filhos e todos os que vos são próximos. Porque se o fizerem, vão ter mais vontade de reclamar quando virem alguém a ignorar estes valores.

2 comentários:

igordiasmagalhaes@gmail.com disse...

Temos tanto, mas parece tão pouco, que até me cansei na parte do "Temos concursos públicos corrompidos, parcerias sujas e acordos manhosos". Ou seja, o tanto que descreves e escreves parece que não compensa o pouco, " a outra metade" que tão bem sabe e que todos temos dificuldade em conhecer ou mesmo reconhecer.
Numa fase onde " a crise" é uma generalização comum e o negativismo é abertura do telejornal e capa do jornal, diz-me por favor que é o outro lado, " das coisas boas" que nos fazem acreditar em algo como "comunidade/sociedade", "escola" e "familia".
Do eremita

igordiasmagalhaes@gmail.com disse...

Temos tanto, mas parece tão pouco, que até me cansei na parte do "Temos concursos públicos corrompidos, parcerias sujas e acordos manhosos". Ou seja, o tanto que descreves e escreves parece que não compensa o pouco, " a outra metade" que tão bem sabe e que todos temos dificuldade em conhecer ou mesmo reconhecer.
Numa fase onde " a crise" é uma generalização comum e o negativismo é abertura do telejornal e capa do jornal, diz-me por favor que é o outro lado, " das coisas boas" que nos fazem acreditar em algo como "comunidade/sociedade", "escola" e "familia".
Do eremita