(Não quero generalizar, não digo que
não tenhamos a outra parte, digo apenas que também temos esta, e em
grande número)
Temos crianças mal-educadas.
Temos
pais que se desresponsabilizam da má-educação dos filhos e tiram
satisfações com os professores.
Temos professores que não se
interessam pelo futuro dos alunos e olham para a profissão como uma
forma de ganhar dinheiro e não de educar, de instruir pessoas. Há
até os que comentam “eu não estou para me chatear, se não
quiserem aprender o problema é deles”.
Temos directores das
escolas que querem acreditar que está tudo bem porque procurar o
problema dá trabalho.
Temos políticos corruptos, temos
representantes dos maiores grupos económicos corruptos.
Temos
concursos públicos corrompidos, parcerias sujas e acordos manhosos.
Temos desportistas, árbitros e dirigentes corruptos.
Temos uma crescente taxa de
criminalidade violenta.
Temos a falta de respeito e de reconhecimento
pela autoridade das forças policiais.
Mas depois também temos os
polícias corruptos e criminosos.
Temos os futuros juízes a copiar no
exame da Ordem, temos todos os estudantes a copiar nos exames, mesmo
os que um dia vão ter as nossas vidas nas suas mãos.
Temos funcionários públicos que
tratam os utentes como se lhes tivessem a fazer um favor, como se só
os tivessem a estorvar.
Temos desempregados que não estão
desempregados e ganham dois ordenados.
Temos desempregados que estão
desempregados porque não querem trabalhar.
Temos fiscais que deveriam verificar a
veracidade das necessidades das pessoas, mas que têm medo ou acabam
corrompidos.
Temos pessoas que não têm emprego
porque não têm experiência.
Temos pessoas que não têm emprego
porque têm mais de 40 anos.
Temos pessoas que precisam dos
subsídios da Segurança Social para viver.
Temos uma Segurança
Social que se engana muito e não informa os cortes dos subsídios.
Temos patrões que preferem comprar
Mercedes a pagar o ordenado aos funcionários.
Temos funcionários
que não sabem reconhecer o esforço dos patrões quando as coisas
correm mal.
Temos dirigentes que não sabem o que é
trabalhar, que não sabem o que é começar de baixo e evoluir por
mérito na carreira, a mandar-nos trabalhar e merecer o nosso lugar.
Temos políticos a deitar as culpas uns
aos outros por isto estar como está...
Há um problema transversal a tudo
isto. O problema não é o que temos, mas antes aquilo que não
temos: valores! Nesta terra já não há valores morais. A honra, a honestidade, a
dignidade e o respeito acabarão por cair em desuso e desconfio que
no próximo acordo ortográfico acabem mesmo banidos do dicionário
português.
Isto resolve-se se fizerem questão de
reavivar os valores morais, se fizerem questão de os pôr em prática
todos os dias e se fizerem com que sejam exemplo para os vossos
filhos e todos os que vos são próximos. Porque se o fizerem, vão
ter mais vontade de reclamar quando virem alguém a ignorar estes
valores.
2 comentários:
Temos tanto, mas parece tão pouco, que até me cansei na parte do "Temos concursos públicos corrompidos, parcerias sujas e acordos manhosos". Ou seja, o tanto que descreves e escreves parece que não compensa o pouco, " a outra metade" que tão bem sabe e que todos temos dificuldade em conhecer ou mesmo reconhecer.
Numa fase onde " a crise" é uma generalização comum e o negativismo é abertura do telejornal e capa do jornal, diz-me por favor que é o outro lado, " das coisas boas" que nos fazem acreditar em algo como "comunidade/sociedade", "escola" e "familia".
Do eremita
Temos tanto, mas parece tão pouco, que até me cansei na parte do "Temos concursos públicos corrompidos, parcerias sujas e acordos manhosos". Ou seja, o tanto que descreves e escreves parece que não compensa o pouco, " a outra metade" que tão bem sabe e que todos temos dificuldade em conhecer ou mesmo reconhecer.
Numa fase onde " a crise" é uma generalização comum e o negativismo é abertura do telejornal e capa do jornal, diz-me por favor que é o outro lado, " das coisas boas" que nos fazem acreditar em algo como "comunidade/sociedade", "escola" e "familia".
Do eremita
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