14 de maio de 2009

Mulher-objecto

Custa-me imenso ver projectos de mulheres a transformarem-se em objectos. Digo projectos de mulheres porque Mulheres de verdade jamais assumiriam determinados comportamentos, ou melhor, os projectos de mulheres de que falo nem assumem qualquer tipo de comportamento, deixam que os outros decidam o que devem ou não assumir.

Passo a explicar.

Outrora, as mulheres eram vistas como seres inferiores e eram reduzidas a certas tarefas e limitadas a determinados comportamentos. Não podiam emancipar-se nem evoluir intelectualmente. Eram guardadas como um objecto que a família e, mais tarde, o marido possuiam. Não tinham direito a intervir na sociedade e, por vezes, nem nas decisões familiares.
Foram precisos muitos anos, muitas mortes, muito sofrimento para que as Mulheres conseguissem, de facto, emancipar-se. Sim, acredito plenamente nessa emancipação.

As mulheres destacaram-se em diversas àreas, preenchem a maioria das vagas das universidades, acumulam funções familiares e profissionais, cada vez mais exigentes, mostram que têm força suficiente para lidar com o Mundo.

A minha pergunta: Como podem os homens reconhecer a emancipação feminina, como podem eles respeitar as Mulheres, se os projectos de mulheres são os primeiros a desrespeitar?

Estou cansada de ver mulheres-objecto a vaguear por revistas, por ecrãs de televisão. O que as faz andar lá? O corpo! Não a inteligência, não a vocação, mas sim o corpo. A parte material dos seus seres, é o que as faz mover. Nem poderiam mover-se com outra coisa, são ocas.
Quando uma mulher perde o total respeito por si e se deixa materializar nas mãos do mundo, por saber que o corpo é a única coisa que tem e vive bem com isso, para mim, deixa de ser mulher.
Vivem subjugadas, voluntariamente, à vontade dos outros. São um simples objectos que passa de mão em mão (e não só) sem reclamar, sem sequer pensar se é o que realmente querem.

Nem vontade têm...

Não falo das mulheres que assumem algo porque têm consciência do que querem. Não. Falo daquelas que nunca usaram a cabeça. Daquelas que sabem que não passam de um corpo e que aceitam. Daquelas que nunca tentaram ser mais do que uma imagem.

Sejam bonitas, sim. Mas nunca queiram ser lembradas como "a gaja boa". Queiram ter um nome. Olhem um exemplo: "A Silvia Alberto, aquela apresentadora de televisão fantástica e que também é muito gira..."
Que engraçado, ela vagueia pela televisão, mas nem por isso ouvem falar dela com a leviandade e materialização com que ouvem das meninas das capas da FHM ou suas semelhantes, pois não? Isso acontece porque ela não usou o corpo para chegar lá!
Agora, ela até podia aparecer na capa de uma revista masculina, mas continuaria a ser associada, antes de qualquer imagem, ao seu intelecto.

Queiram ser alguém. Honrem quem lutou. Não se lembrem da liberdade só quando não a têm.

3 comentários:

K disse...

Grande verdade neste post :)

Anónimo disse...

Es feminista?

Sonia Files disse...

Se feminismo para ti significar o desejo de IGUALDADE entre ambos os sexos, sim, sou feminista.