3 de abril de 2009

Chuva de Inverno

Os dias passam e eu já não sei o que sinto. Uns invadem-me de felicidade e vontade de viver. Outros, como este, fazem com que acredite que nada pode correr pior. Ser invadida por raiva e desprezo, não conseguir olhar quem me magoa nos olhos, faz-me sentir mesquinha. Mas é uma mesquinhez de que não posso fugir...
Andar nas ruas do Porto, às vezes, parece maravilhoso. Mas, quando a chuva cai, a cidade fica cinzenta. As pessoas, que nos outros dias me encantam por serem diferentes, nestes, parecem indiferentes.
Sinto falta do calor do Lar. Sinto falta de me sentir pequena. Quero ver a preocupação no rosto de quem amo. Ser forte cansa e, por vezes, magoa. As fortalezas só se notam quando caem. Mas quando caem já vão causar tragédias...
Conservo um grito preso algures dentro de mim. Tento esquecê-lo, mas, em dias como este, ele tenta soltar-se. Às vezes sonho e quase que o abafo. Às vezes deixo que ele cresça e quase que desisto. Esta luta contínua deixa-me exausta. Nem o sono me descansa. Às vezes a fortaleza quer cair para dar lugar a uma nova paisagem.
Ai, as ruas da minha terra! O alento que sai do frio do ar direitinho ao meu coração, só lá o encontro. Os rostos conhecidos. O isolamento do mundo e da sua dura realidade. Quero a força, quero a garra que eu tinha quando o meu Lar era lá. Onde me contrariavam a vontade e ela crescia. Aqui, ela adoeceu. Porquê? Por que é que és tão feio em dias de chuva, ó Porto? Por que me deixas assim? Fazes-me sentir sozinha. E pequena, mas de uma forma insignificante...

Inverno 08/09

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